Melhorar a dicção é essencial para comunicação profissional, pois a clareza na pronúncia aumenta o engajamento da audiência no seu discurso. Por outro lado, quem nunca se atrapalhou na hora de falar, não é mesmo?
Você tenta dizer alguma coisa e as palavras saem “atropeladas”, ou parece que a sua voz fica “para dentro” e, às vezes, você até baba ou cospe na outra pessoa — isso para não falar de quando a gente morde a língua enquanto fala…
Todas essas situações estão relacionadas com os problemas de dicção e estão muito presentes na sua vida cotidiana e profissional. Hoje, eu trouxe para você algumas formas de você começar a melhorar a sua dicção para ficar longe de problemas como os que você viu acima, os quais podem fazer com que a qualidade da sua comunicação caia bastante.
Pratique a articulação
O pilar da dicção é, sem dúvida alguma, a articulação da fala. Para treinar a articulação da fala, você precisa, obviamente, colocar os articuladores em ação. Uma maneira muito prática é fazer uma leitura guiada em voz alta. Como assim?
Bem, você vai precisar de um texto em uma folha de papel. Não precisa ser um texto grande. Você apenas precisa de alguma coisa para ler. Depois de escolher o seu texto, você ler ele bem devagar (quase que em câmera lenta) abrindo a sua boca o máximo que você puder para pronunciar cada sílaba do texto. — Sim, você vai fazer várias caretas durante a sua leitura, é esse o objetivo.
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Pode parecer um exercício muito “bobinho” num primeiro momento, mas esse exagero na pronúncia faz com que todos os músculos, da sua boca e do seu rosto, que estão envolvidos na articulação das palavras sejam exercitados. Ou seja, esse simples exercício é, praticamente, um treinamento completo para a sua dicção.
É mais difícil do que parece!
Na primeira vez que você fizer esse exercício, você se dará conta disso. Portanto, a minha sugestão para você é ter diferentes tipos de texto. O texto é quem dirá qual a dificuldade do exercício — por isso leitura guiada.
Como saber que texto seleciona? Bem, você vai ver que o tamanho do texto — curto, médio, longo — só irá influenciar no seu tempo de treino. Então, se você quer treinar 5 minutos, pegue um texto curto de menos de uma página (um parágrafo, por exemplo). Se você quer treinar 20 minutos, pegue um texto médio (duas páginas, mais ou menos). E se quiser treinar mais tempo, 1 hora, por exemplo, pegue um capítulo de um livro que você gosta. O tamanho do texto não tem relação com a dificuldade do treino.
Aumente a dificuldade aos poucos
Para aumentar a dificuldade do treino, você precisa escolher textos de diferentes registros de fala. Como assim? Se você canta, a primeira coisa que você precisa saber é que os registros de fala não tem a menor relação com “registros vocais”. Os registros de fala estão relacionados com o “patamar” de palavras usadas no texto. Por exemplo, um texto jurídico utiliza palavras bem diferentes de um texto infantil ou de um texto de jornal. Você já sabia disso na verdade, talvez só não soubesse que essa mudança estava relacionada com registros de fala.
Pois bem, no seu treino, então, você vai escolher textos com diferentes registros de fala. O ideal seria você começar com textos infantis, progredir para textos cotidianos (jornal, revista, blog, por exemplo) e, por fim, textos com registro específico de fala, como artigos científicos, por exemplo. Cada registro de fala que você selecionar para os seus treinos irá te colocar em uma situação articulatória diferente, porque a sequência de sons da fala em uma palavra de registro médico é diferente daquela de um texto cotidiano, por exemplo.
Exemplo também o registro literário, ele te ajudará com elementos estéticos que nem sempre estão presentes nos outros tipos de texto, como a rima, a narração e as variações de humor dos personagens — raiva, tristeza e felicidade, por exemplo.
Experimente variar o ritmo de leitura
É muito comum que o incômodo com a dicção esteja diretamente atrelado à fala rápida e atropelada. Para lidar com isso, você pode usar a mesma estratégia de leitura guiada em voz alta, só que agora, você vai começar a mudar o ritmo, o volume e a velocidade da sua leitura.
Você ainda precisa manter o exagero na pronúncia. Só que agora, você vai ler o seu texto como se você estivesse contando uma história para alguém. Você vai acelerar algumas frases e deixar outras mais lentas. Aqui também é importante você variar o volume da sua voz conforme você muda a velocidade das frases. Você pode aumentar o volume da voz quando acelerar, e diminuir o volume quando falar mais devagar. Experimente inverter também, ou seja, fazer as frases rápidas com uma voz mais baixa e as frases lentas com uma voz mais alta. Não existem regras aqui, você pode usar a sua criatividade.
Aliás, se você quiser ir além das dicas que estou te apresentando neste blog e desenvolver a sua dicção e outros pontos da sua comunicação para um nível profissional, eu criei um treinamento completo que vai te ajudar: o InformaVox. Nesse treinamento, além da sua dicção, você também vai aperfeiçoar a sua voz e descobrir inúmeros outros elementos que os profissionais utilizam para se comunicar de forma clara e eficaz. O link para o InformaVox está logo abaixo. Clica e confere!
Grave a sua leitura e faça autoavaliações do seu desempenho
Outro ponto importante, além da leitura em voz alta, é realizar a gravação da própria fala. Existe um motivo muito simples para jornalistas, locutores, cantores, e outros profissionais da comunicação conseguirem alcançar uma dicção precisa: a gravação. Todos esses profissionais estão acostumados a gravar e ouvir a própria voz várias e várias vezes. Faz parte da carreira deles esse processo, ou você acha que tudo sai perfeito na primeira tentativa? É claro que não. Eles gravam e gravam muito.
Só que além de gravar, eles também ouvem a própria gravação para identificar os pontos bons e ruins. Às vezes a pronúncia ficou boa, mas a voz não. Ou ao contrário, a voz ficou boa mas a pronúncia saiu ruim. Treinar a sua dicção é uma tarefa que vai exigir de você dedicação. Por isso, grave as suas leituras para que você consiga identificar os pontos onde você precisa melhorar. Esse é o caminho mais eficiente para você conseguir.
Você vai querer ler sobre Voz diferente na Gravação: entenda o porquê
Aprimorar a dicção nada mais é do que um processo contínuo que requer uma maior dedicação e prática. Por fim, eu vou deixar um vídeo que produzi há algum tempo e que vai te ajudar a entender de forma visual tudo o que eu trouxe para você nesse texto. Clica e confere!
— Rubens Güths
Fonoaudiólogo (CRFa 3 – 10 775)
Voz & Comunicação
Eficiência, Arte e Ciência em cada tom das suas palavras.
